Páginas

REVOLTA DOS BÚZIOS - ELYSIO ATHAÍDE E SOLANGE COELHO

Seguidores

Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

REVOLTA DOS BÚZIOS

Revolta dos Búzios ou Alfaiates














Conjuração Baiana

INTRODUÇÃO

Em agosto de 1798 começam a aparecer nas portas de igrejas e casas da Bahia, panfletos que pregavam um levante geral e a instalação de um governo democrático, livre e independente do poder metropolitano. Os mesmos ideais de república, liberdade e igualdade que estiveram presentes na Inconfidência Mineira, agitavam agora a Bahia.
As inflamadas discussões na "Academia dos Renascidos" resultarão na Conjuração Baiana em 1789. Esse movimento, também chamado de Revolta dos Alfaiates foi uma conspiração de caráter emancipacionista, articulada por pequenos comerciantes e artesãos, destacando-se os alfaiates, além de soldados, religiosos, intelectuais, e setores populares.
Se a singularidade da Inconfidência de Tiradentes está em seu sentido pioneiro, já que apesar de todos seus limites, foi o primeiro movimento social de caráter republicano em nossa história, a Conjuração Baiana, mais ampla em sua composição social, apresenta o componente popular que irá direciona-la para uma proposta também mais ampla, incluindo a abolição da escravatura. Eis aí a singularidade da Conjuração Baiana, que também é pioneira, por apresentar pela primeira vez em nossa história elementos das camadas populares articulados para conquista de uma república abolicionista.

ANTECEDENTES

A segunda metade do século XVIII é marcada por profundas transformações na história, que assinalam a crise do Antigo Regime europeu e de seu desdobramento na América, o Antigo Sistema Colonial.
No Brasil, os princípios iluministas e a independência dos Estados Unidos, já tinham influenciado a Inconfidência Mineira em 1789. Os ideais de liberdade e igualdade se contrastavam com a precária condição de vida do povo, sendo que, a elevada carga tributária e a escassez de alimentos, tornavam ainda mais grave o quadro sócio-econômico do Brasil. Este contexto será responsável por uma série de motins e ações extremadas dos setores mais pobres da população baiana, que em 1797 promoveu vários saques em estabelecimentos comerciais portugueses de Salvador.
Nessa conjuntura de crise, foi fundada em Salvador a "Academia dos Renascidos", uma associação literária que discutia os ideais do iluminismo e os problemas sociais que afetavam a população. Essa associação tinha sido criada pela loja maçônica "Cavaleiros da Luz", da qual participavam nomes ilustres da região, como o doutor Cipriano Barata e o professor Francisco Muniz Barreto, entre outros.
A conspiração para o movimento, surgiu com as discussões promovidas pela Academia dos Renascidos e contou com a participação de pequenos comerciantes, soldados, artesãos, alfaiates, negros libertos e mulatos, caracterizando-se assim, como um dos primeiros movimentos populares da História do Brasil.
A participação popular e o objetivo de emancipar a colônia e abolir a escravidão, marcam uma diferença qualitativa desse movimento em relação à Inconfidência Mineira, que marcada por uma composição social mais elitista, não se posicionou formalmente em relação ao escravismo.

A CONJURAÇÃO



Entre as lideranças do movimento, destacaram-se os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira (este com apenas 18 anos de idade), além dos soldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens, todos mulatos. Um outro destaque desse movimento foi a participação de mulheres negras, como as forras Ana Romana e Domingas Maria do Nascimento.
As ruas de Salvador foram tomadas pelos revolucionários Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas que iniciaram a panfletagem como forma de obter mais apoio popular e incitar à rebelião. Os panfletos difundiam pequenos textos e palavras de ordem, com base naquilo que as autoridades coloniais chamavam de "abomináveis princípios franceses".
A Revolta dos Alfaiates foi fortemente influenciada pela fase popular da Revolução Francesa, quando os jacobinos liderados por Robespierre conseguiram, apesar da ditadura política, importantes avanços sociais em benefício das camadas populares, como o sufrágio universal, ensino gratuito e abolição da escravidão nas colônias francesas. Essas conquistas, principalmente essa última influenciaram outros movimentos de independência na América Latina, destacando-se a luta por uma República abolicionista no Haiti e
em São Domingos, acompanhada de liberdade no comércio, do fim dos privilégios políticos e sociais, da punição aos membros do clero contrários à liberdade e do aumento do soldo dos militares.
A violenta repressão metropolitana conseguiu deter o movimento, que apenas iniciava-se, detendo e torturando os primeiros suspeitos. Governava a Bahia nessa época (1788-1801) D. Fernando José de Portugal e Castro, que encarregou o coronel Alexandre Teotônio de Souza de surpreender os revoltosos. Com as delações, os principais líderes foram presos e o movimento, que não chegou a se concretizar, foi totalmente desarticulado.
Após o processo de julgamento, os mais pobres como Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento e os mulatos Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas foram condenados à morte por enforcamento, sendo executados no Largo da Piedade a 8 de novembro de 1799. Outros, como Cipriano Barata, o tenente Hernógenes dâ??Aguilar e o professor Francisco Moniz foram absolvidos. Os pobres Inácio da Silva Pimentel, Romão Pinheiro, José Félix, Inácio Pires, Manuel José e Luiz de França Pires, foram acusados de envolvimento "grave", recebendo pena de prisão perpétua ou degredo na África. Já os elementos pertencentes à loja maçônica "Cavaleiros da Luz" foram absolvidos deixando clara que a pena pela condenação, correspondia à condição sócio-econômica e à origem racial dos condenados. A extrema dureza na condenação aos mais pobres, que eram negros e mulatos, é atribuída ao temor de que se repetissem no Brasil as rebeliões de negros e mulatos que, na mesma época, atingiam
as Antilhas.

Devassa, processo, condenações e execuções.
OS FATO S
1798
Salvador, 12 de agosto, domingo - Boletins “sediciosos” amanhecem afixados em
locais movimentados da Cidade. Na Cidade do Salvador, sede do governo da capitania da
Bahia, a ocorrência de um fato inusitado marcaria definitivamente a vida de seus habitantes
naqueles três últimos anos do século XVIII: a Cidade amanheceu sob o impacto do boato de
que papéis colados em portas e paredes de locais de movimento conclamavam a popula-
ção a se rebelar contra o domínio do governo de Portugal. Um total de 11 papéis manuscritos (não havia imprensa na Colônia) foi afixado na madrugada daquele dia em locais de
grande circulação, a exemplo da esquina da Praça do Palácio, atual Praça Tomé de Souza;
das Portas do Carmo, no Carmo; do Açougue da Praia, no bairro da Conceição da Praia; da
Igreja da Sé, hoje Praça da Sé e da Igreja do Passo, na subida da Ladeira do Carmo.
Naquele momento, a população tomou conhecimento da existência de um movimento que
pretendia dominar e apoderar-se do governo da capitania, proclamar a república e separá-
la do domínio português.
A divulgação dos “sediciosos” resultou de imediato na abertura da devassa ordenada
pelo governador da Capitania da Bahia de Todos os Santos, D. Fernando José de Portugal
e realizada pelos Desembargadores do Tribunal da Relação na Bahia – Manoel de Magalhães Pinto, Avelar de Barbedo e Francisco Sabino Álvares da Costa Pinto. Procedeu-se, a
seguir, a prisão de Domingos da Silva Lisboa, mulato, escrevente, nascido em Portugal.
Em sua residência foram identificados papéis / cadernos com textos manuscritos, vistos
como comprometedores à ordem estabelecida. A comparação das letras contidas nos manuscritos indicava, conforme os autos, a sua culpabilidade.
22 de agosto, quarta-feira – novos boletins foram distribuídos. Desta vez, jogados por
debaixo das portas da Igreja do Carmo. A devassa já em andamento se intensificou por
conta desta reincidência.Através do método adotado pelas autoridades, de comparar a grafia
dos manuscritos, foi indicada também a culpabilidade do soldado de milícia Luiz Gonzaga
das Virgens que já dirigira diversas petições ao governador e que havia respondido por
crime de deserção.Em decorrência dessa suspeita, foi imediatamente preso.
23 de agosto, quinta-feira - Reunião na oficina do ourives Luís Pires. Compareceram,
na ocasião, Lucas Dantas de Amorim Torres,Manoel Faustino dos Santos Lira, João de
Deus do Nascimento, Nicolau de Andrade e José de Freitas Sacoto. As prováveis razões da
reunião remetem para a emergência de estabelecer o planejamento de libertação de Luiz
Gonzaga das Virgens e organizar o levante a partir do número de adeptos, além de marcar
uma outra reunião geral, prevista para o dia 25 no Campo do Dique do Desterro.
25 de agosto, sábado – Reunião no Campo do Dique do Desterro. Após o levantamento do número de adeptos do movimento na reunião anterior realizou-se esta, a partir de
uma convocação que pode ser vista como apressada, por terem cometido imprudências,
dentre as quais a convocação de pessoas suspeitas, inclusive dos três que seriam os delatores do movimento.
Compareceram os seguintes convidados: Manuel Faustino dos Santos Lira, que convidou José Raimundo Barata de Almeida, irmão de Cipriano Barata; Luís de França Pires, Inácio Pires e Manuel José de Vera Cruz, escravos do senhor de engenhos e Secretário Perpétuo do Estado do Brasil, José Pires de Carvalho e Albuquerque; José Félix da Costa, escravo de Francisco Vicente Viana, proprietário baiano, homem de prestígio que tinha acesso ao governador. João de Deus do Nascimento, que convidou o soldado do segundo regimento e alfaiate Inácio da Silva Pimentel e também o alfaiate José do Sacramento, que trabalhava na sua oficina; o ferreiro Joaquim José da Veiga; o cabeleireiro e capitão da milícia dos homens pardos, Joaquim José de Santana; o escravo africano Vicente (é o único escravo africano que aparece na documentação de 1798) e o menino escravo e aprendiz de alfaiate, João; Lucas Dantas, que convidou o soldado do primeiro regimento, José Joaquim de Siqueira, branco nascido em Portugal.
Três convidados denunciaram / delataram a reunião: o cabeleireiro Joaquim José de
Santana, que era capitão da milícia dos pardos, o ferreiro Joaquim José de Veiga e o soldado José Joaquim de Siqueira, o convidado de Lucas Dantas. O governador entregou a
diligência policial ao tenente-coronel Alexandre Teotônio de Sousa e determinou ao
desembargador Francisco Sabino Álvares da Costa Pinto que realizasse a devassa, identificasse os responsáveis “pela pretendida sedição”.
26 de agosto, domingo – Pela manhã deu-se início as prisões e a abertura de nova
Devassa. As prisões sucederam-se até o início do ano de 1799. Totalizou o número de 41
presos das quais 33 chegaram ao final das devassas. Os culpados, presos e condenados,
tiveram como advogado de defesa o Bacharel José Barbosa de Oliveira, escolhido pela
Santa Casa de Misericórdia. O referido Bacharel foi aceito pelo Tribunal da Relação como
defensor dos réus e ao mesmo tempo, curador dos menores arrolados no processo.
22 de dezembro, sábado – Chegaram à Cidade do Salvador Ordens Régias da Coroa,
emanadas do príncipe D. João, filho de D. Maria I, que governava em seu lugar, exigindo a
imediata e a mais severa punição para os culpados.
1799
20 de fevereiro – formalmente foram identificados 32 presos.
14 de março – indicado pela Sta. Casa de Misericórdia, o advogado José Barbosa de
Oliveira para defender os presos.
05 de julho – conclusão do processo.
05 de novembro – o Tribunal da Relação, com aprovação e assinatura de todos os desembargadores anteriormente referidos, decidiu pela condenação dos culpados. O advogado dos presos apresentou sucessivos embargos, mas foram todos recusados pelo Tribunal. Observe-se em seguida o destino dos 32 implicados que sobreviveram até novembro de 1799.
08 de novembro – Quatro deles foram condenados à morte por enforcamento e executados na Praça da Piedade, localizada bem no centro da Cidade do Salvador.
02 Soldados
- Lucas Dantas de Amorim Torres
- Luís Gonzaga das Virgens
02 Alfaiates
- Manuel Faustino Santos Lira (aprendiz)
- João de Deus do Nascimento (mestre)
Seus nomes e memória tornados “malditos” até a terceira geração. Os corpos dos quatro enforcados foram esquartejados e expostos nos lugares públicos, à época, intensamente freqüentados. A cabeça de Lucas Dantas ficou espetada no Campo do Dique do Desterro. A de Manuel Faustino, no Cruzeiro de São Francisco. A de João de Deus na Rua Direita do Palácio, atual Rua Chile. A cabeça e as mãos de Luís Gonzaga das Virgens ficaram pregadas na forca exibida na Praça da Piedade.
13 de novembro – Em decorrência do mau cheiro e do cenário macabro, foi procedida
a retirada dos despojos após 05 dias expostos. A retirada se fez com a interferência da
Santa Casa de Misericórdia, que os sepultou em local até hoje não identificado.
Sete foram condenados a ser jogados na costa ocidental da África, fora dos domínios de
Portugal. Era uma outra forma de condenação à morte. José de Freitas Sacota e Romão
Pinheiro, deixados em Acará, domínio da Holanda; Manuel de Santana, em Aquito, domínio
da Dinamarca; Inácio da Silva Pimentel, em Castelo da Mina; Luís de França Pires, em Cabo
Corso; José Félix da Costa, em Fortaleza do Moura; e José do Sacramento, em Comenda,
domínio da Inglaterra. Cada um deles recebeu quinhentas chibatadas no pelourinho, que
estava, naquele tempo, no Terreiro de Jesus, e levados depois para assistirem ao suplício de
Lucas Dantas, Manuel Faustino, Luís Gonzaga e João de Deus, por ordem expressa das
execuções. Pedro Leão de Aguilar Pantoja foi degredado por dez anos no presídio de Benguela.
O escravo Cosme Damião Pereira Bastos, a cinco anos em Angola. Os escravos Inácio Pires9
Revolt a de Búzios ou Conjuração Baiana de 1798: uma chamada para liberdade - Marli Geralda Teixeirae Manuel José de Vera Cruz foram condenados a quinhentos açoites, ficando os seus senhores obrigados a vendê-los para fora da Capitania da Bahia.
Outros quatros tiveram penas que variavam do degredo à prisão temporária. José Raimundo Barata de Almeida foi degredado para a ilha de Fernando de Noronha. Para espiarem as leves imputações que contra eles resultavam dos Autos, como escreveu para Lisboa o governador D. Fernando José de Portugal. Os tenentes Hermógenes Francisco de Aguilar Pantoja e José Gomes de Oliveira Borges permaneceram na cadeia, condenados a “uma prisão temporária de seis meses”. Preso no dia 19 de setembro de 1798, Cipriano José Barata de Almeida foi solto em janeiro de 1800.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

TRABALHO PARA OS ALUNOS DO 9º ANO DA ESCOLA SOLANGE COELHO

Problemas Sociais do Brasil
Os principais problemas brasileiros, suas causas, conseqüências e influências na vida das pessoas


Falta de moradia é um dos problemas sociais do Brasil

Introdução

Embora o Brasil tenha avançado na área social nos últimos anos, ainda persistem muitos problemas que afetam a vida dos brasileiros. Abaixo listaremos uma relação dos principais problemas brasileiros na atualidade.

Desemprego

Embora a geração de empregos tenha aumentado nos últimos anos, graças ao crescimento da economia, ainda existem milhões de brasileiros desempregados. A economia tem crescido, mas não o suficiente para gerar os empregos necessários no Brasil. A falta de uma boa formação educacional e qualificação profissional de qualidade também atrapalham a vida dos desempregados. Muitos têm optado pelo emprego informal (sem carteira registrada), fator que não é positivo, pois estes trabalhadores ficam sem a garantia dos direitos trabalhistas.

Violência e Criminalidade

A violência está crescendo a cada dia, principalmente nas grandes cidades brasileiras. Os crimes estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas. Nos jornais, rádios e tvs presenciamos cenas de assaltos, crimes e agressões físicas. A falta de um rigor maior no cumprimento das leis, aliada as injustiças sociais podem, em parte, explicar a intensificação destes problemas em nosso país.

Poluição

Este problema ambiental tem afetado diretamente a saúde das pessoas em nosso país. Os riosestão sendo poluídos por lixo doméstico e industrial, trazendo doenças e afetando os ecossistemas.
O ar, principalmente nas grandes cidades, está recendo toneladas de gases poluentes, derivados da queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo - gasolina e diesel principalmente). Este tipo de poluição afeta diretamente a saúde das pessoas, provocandodoenças respiratórias. Pessoas idosas e crianças são as principais vítimas.

Saúde

Nos dias de hoje, pessoas que possuem uma condição financeira melhor estão procurando os planos de saúde e o sistema privado, pois a saúde pública encontra-se em estado de crise aguda. Hospitais superlotados, falta de medicamentos, greves de funcionários, aparelhos quebrados, filas para atendimento, prédios mal conservados são os principais problemas encontrados em hospitais e postos de saúde da rede pública. A população mais afetada é aquela que depende deste atendimento médico, ou seja, as pessoas mais pobres.

Educação

Os dados sobre o desempenho dos alunos, principalmente da rede pública de ensino, são alarmantes. A educaçãopública encontra vários problemas e dificuldades: prédios mal conservados, falta de professores, poucos recursos didáticos, baixos salários, greves, violência dentro das escolas, entre outros. Este quadro é resultado do baixo índice de investimentos públicos neste setor. O resultado é a deficiente formação dos alunos brasileiros.

Desigualdade social

O Brasil é um país de grande contraste social. A distribuição de renda é desigual, sendo que uma pequena parcela da sociedade é muito rica, enquanto grande parte da população vive na pobreza e miséria. Embora a distribuição de renda tenha melhorado nos últimos anos, em função dos programas sociais, ainda vivemos num país muito injusto.

Habitação

O déficit habitacional é grande no Brasil. Existem milhões de famílias que não possuem condições habitacionais adequadas. Nas grandes e médias cidades é muito comum a presença de favelas e cortiços. Encontramos também pessoas morando nas ruas, embaixo de viadutos e pontes. Nestes locais, as pessoas possuem uma condição inadequada de vida, passando por muitas dificuldades.

Causas do Desemprego
As principais causas do desemprego no Brasil e no Mundo, plenoemprego


Desemprego: uma difícil situação enfrentada por muitos trabalhadores


O que é

O desemprego ocorre quando um trabalhador é demitido ou entra no mercado de trabalho (está a procura de emprego) e não consegue uma vaga de trabalho. É uma situação difícil para o trabalhador, pois gera problemas financeiros e, em muitos casos, problemas psicológicos (depressão, ansiedade, etc.) no trabalhador e em sua família.


Principais causas do desemprego

- Baixa qualificação do trabalhador: muitas vezes há emprego para a vaga que o trabalhador está procurando, porém o mesmo não possui formação adequada para exercer aquela função;

- Substituição de mão de obra por máquinas: nas últimas décadas, muitas vagas de empregos foram fechadas, pois muitas indústrias passaram a usar máquinas na linha de produção. No setor bancário, por exemplo, o uso de caixas eletrônicos e desenvolvimento do sistema bankline também gerou o fechamento de milhares de vagas;

- Crise econômica: quando um país passa por uma crise econômica, o consumo de bens e serviços tende a diminuir. Muitas empresas demitem funcionários como forma de diminuir custos para enfrentar a crise.

- Custo elevado (impostos e outros encargos) para as empresas contratarem com carteira assinada: este caso é típico do Brasil, pois os custos de contratação de empregados são muito elevados. Muitas empresas optam por aumentar as horas extras de seus funcionários a contratar mais mão de obra ;

- Fatores Climáticos: chuvas em excesso, secas prolongadas, geadas e outros fatores climáticos podem gerar grandes perdas financeiras no campo. Muitos empresários do setor agrícola costumam demitir trabalhadores rurais para enfrentarem situações deste tipo.


Você sabia?

- Pleno Emprego ocorre quando em um país ou região todos os trabalhadores em situação de trabalho encontram-se empregados. Ou seja, o mercado de trabalho está em nível de equilíbrio. É uma situação extremamente favorável para a economia de um país.

- No ano de 2010 a taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,7%, a menor desde o ano de 2002.

DESCONHECIMENTO DO ALUNO X DESEMPREGO


Desemprego, informalidade e baixa escolaridade excluem 19 milhões de jovens brasileiros


E-mailImprimirPDF
mulher-povo.gifGláucia Cavalcante


Desemprego, informalidade e baixa escolaridade excluem socialmente 19 milhões de brasileiros entre 15 e 19 anos, ou seja, mais da metade do total de jovens do país (34 milhões). Desses, 6,5 milhões não trabalham nem estudam, o que representa 1 a cada 5 jovens. No recorte 15 a 17 anos, apenas metade está no Ensino Médio. 4 milhões de jovens saem da escola sem completar o Ensino Fundamental.

Os dados são do diagnóstico Trabalho Decente e Juventude no Brasil, que será lançado este ano pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em primeira mão, o oficial de políticas de emprego da OIT, Rogério Costanzi, divulgou alguns números do relatório durante o Seminário Lei do Aprendiz no Brasil, que aconteceu em São Paulo (SP). "A pesquisa mostra a dívida que a sociedade brasileira tem com a juventude. A escolaridade dos jovens de família rica é o dobro das de família pobre", disse Costanzi.

O estudo constata que uma grande parcela de jovens de 15 a 17 anos ainda sai precocemente da escola. "Grosso modo, apenas metade está no Ensino Médio. 20% saíram da escola e um terço deles está no Ensino Fundamental", afirmou.

Outro dado do relatório revela que 4 milhões de jovens saíram da escola sem completar o Ensino Fundamental. "Juntando os dados de jovens que não estudam nem trabalham, o quadro é ainda mais preocupante: 6,5 milhões, ou seja, a cada 5 jovens, 1está sem trabalhar e sem estudar".

Costanzi ressaltou que a situação da inserção de adultos no mercado de trabalho é precária, porém, quando se trata de jovens, a situação é ainda pior. A taxa de desemprego desse público é 3,2 vezes maior que a dos adultos. "15 milhões de jovens estão excluídos do mercado por meio do desemprego ou do trabalho informal, ou seja, a cada 3 jovens, 2 estão excluídos. Do total, 60% deles estão no setor informal", disse.

Na década de 1990 houve um aumento no número relacionado à qualificação e escolaridade, porém o desemprego para os jovens aumentou em 50%. "Esse é um desafio que precisamos resolver. A questão da inserção dos jovens no mercado precisa ser vista como prioridade", destacou.

"É notável que a sociedade tenha um olhar para a juventude associado a problema, instabilidade e risco. Isso porque o jovem é considerado como alguém que tem muita rotatividade no mercado. Porém isso não acontece por indecisão dos jovens, e sim pela situação precária que o mercado se encontra. Eles acabam sendo usados como mão-de-obra temporária pelas empresas", concluiu Costanzi.

fonte: Portal Aprendiz

segunda-feira, 18 de julho de 2011

VISITAS AO BLOG POR PAÍS

Brasil
14.419
Portugal
322
Estados Unidos
210
Alemanha
63
Colômbia
28
Angola
21
Ucrânia
21
Holanda
19
Canadá
15
Dinamarca
14

segunda-feira, 11 de julho de 2011

TRABALHO SOBRE A ÁFRICA

A África é o terceiro continente mais extenso (atrás da Ásia e da América) com cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados, cobrindo 20,3 % da área total da terra firme do planeta. É o segundo continente mais populoso da Terra (atrás da Ásia) com cerca de 900 milhões de pessoas, representando cerca de um sétimo da população do mundo, e 54 países independentes; apesar de existirem colônias pertencentes a países de outros continentes, tais como as Ilhas Canárias e os enclaves de Ceuta eMelilla, que pertencem à Espanha, oterritório ultramarino das ilhas de Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha, que pertence ao Reino Unido, e as ilhas de Reunião e Mayotte, que pertencem à França.

Apresenta grande diversidade étnica, cultural e política. Nesse continente são visíveis as condições de pobreza, sendo o continente africano o mais pobre de todos; dos trinta países mais pobres do mundo (com mais problemas de subnutrição, analfabetismo, baixa expectativa de vida, etc.), pelo menos 21 são africanos.[2] Apesar disso existem alguns poucos países com um padrão de vida razoável, ainda assim não existe nenhum país realmente desenvolvido na África.[3] O subdesenvolvimento, os conflitos entre povos e as enormes desigualdades sociais internas, são o resultado das grandes modificações introduzidas pelos colonizadores europeus. Atualmente os países africanos mais desenvolvidos são Líbia,Maurícia e Seicheles, com qualidades de vida superiores a de muitos países da Europa. Ainda há outros países africanos com qualidades de vida e indíces de desenvolvimento razoáveis, podendo destacar a maior economia africana, a África do Sul e outros países como Marrocos,Argélia, Tunísia, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.[4]

A África costuma ser regionalizada de duas formas, a primeira forma, que valoriza a localização dos países e os dividem em cinco grupos, que são a África setentrional ou do Norte, aÁfrica Ocidental, a África central, a África Oriental e a África meridional. A segunda regionalização desse continente, que vem sendo muito utilizada, usa critérios étnicos e culturais (religião e etnias predominantes em cada região), é dividida em dois grandes grupos, a África Branca ou setentrional formado pelos oito países da África do norte, mais a Mauritânia e oSaara Ocidental, e a África Negra ou subsaariana formada pelos outros 44 países do continente.

Cinco dos países de África foram colónias portuguesas e usam o português como língua oficial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe; em Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe são ainda falados crioulos de base portuguesa.


[editar]

África

Afri era o nome de vários povos que se fixaram perto de Cartago no Norte de África. O seu nome é geralmente relacionado com os fenícios como afar, que significa "poeira", embora uma teoria de 1981,[5] tenha afirmado que o nome também deriva de uma palavra de berbere, ifri, palavra que significa "caverna", em referência à gruta onde residiam.

No tempo dos romanos, Cartago passou a ser a capital da Província de África, que incluiu também a parte costeira da modernaLíbia. Os romanos utilizaram o sufixo "-ca" denotando "país ou território".[6] Mais tarde, o reino muçulmano de Ifriqiya, actualmente Tunísia, também preservou o nome.

Outras etimologias têm sido apontadas como originárias para a antiga denominação "África":

  • No século I, o historiador judeu Flavius Josephus (Ant. 1.15) afirmou ter sido nomeado para Epher, neto de Abraão, segundo o Génesis (25:4), cujos descendentes, segundo ele, tinha invadido a Líbia.
  • aprica, palavra latina que significa "ensolarados", mencionada por Isidoro de Sevilha (século VI), em Etymologiae XIV.5.2
  • aphrike, palavra grega que significa "sem frio". Esta foi proposta pelo historiador Leo Áfricanus (1488-1554), que sugeriu a palavra grega phrike (φρίκη, significando "frio e horror"), combinado com o prefixo privativo "-um", indicando assim um terreno livre de frio e de horror.
  • Massey, em 1881, afirmou que o nome deriva do egípcio af-rui-ka, que significa "para virar em direção a abertura do Ka." O Ka é o dobro energético de cada pessoa e de "abertura do Ka" remete para o útero ou berço. África seria, para os egípcios, "o berço."[7]

[editar]História

A história da África é conhecida no Ocidente por escritos que datam da Antiguidade Clássica. No entanto, vários povos deixaram testemunhos ainda mais antigos das suascivilizações. Para além disso, os mais antigos fósseis de hominídeos, com cerca de cinco milhões de anos, foram encontrados na África, permitindo considerá-la o “berço da humanidade”.

O Egito foi provavelmente o primeiro estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo neste continente, ao longo dos séculos. Podem referir-se os estados de Kush e Meroé, ainda no nordeste de África, o primeiro estado do Zimbabwe e o reino do Congo que, aparentemente floresceram entre os séculos X e XV.

A estrutura moderna da África, em termos de divisão entre estados e línguas de trabalho, no entanto, resultou da partilha da África pelas potências coloniais europeias na Conferência de Berlim. Com excepção da Etiópia, que só foi dominada pela Itália durante um curto período, e da Libéria, que foi um estado criado pelos Estados Unidos da América durante o processo de abolição da escravatura, no século XIX, todos os restantes países de África apenas conheceram a sua independência na segunda metade do século XX.

[editar]

"Lucy"ou Lilia no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México.

A mais antiga teria sido a Olduvaiense (associada ao Zinianthropus, australopitecíneo descoberto em 1959 por Leakey, no Quênia)[19], passando pelo Cheleano e Acheuliano (associadas aos pitecantropíneos de Ternifine e Sidi Abderramã encontrados respectivamente por Arambourg e Biberson em 1955), para desabrochar na melhoria das técnicas de trabalho em pedra, ditas "levalloisianas", que são características do Paleolítico médio, culminando na cultura ateriana da Tunísia.[18]

Neste período, quando começa a especialização dos artefatos, a África contribui com duas culturas distintas, a Sangoana e a de Fauresmith, aquela florestal, esta em regiões mais altas, de savana. No último pluvial, o Gambliano, correspondente à glaciação de Würm, o Homo sapiens em formas fósseis substitui os hominídeos anteriores. Essas formas africanas são ou "proto-australóides" (homens de Florisbad, daRodésia, de Saldanha), ou "protobocimanóide" (crânios de Boskop, Matjes River e outros) da qual provêm os boxímanes. A esses troncos étnicos junta-se terceira cepa, vinda provavelmente do sudoeste africano, que origina a cultura Capsiana no Quênia, a qual descobre o arco e flecha e é ancestral dos grupos que falam línguas hamíticas, como os berberes e os tuaregues do norte da África, os galas e os somalisdaÁfrica oriental, e os egípcios e etíopes, razão pela qual é também denominada, impropriamente, de "proto-hamítica".[18]

Depois do Gambliano começa o dessecamento progressivo do Saara, prejudicando os contactos até então existentes entre a África do nortee o resto do continente. Surgem indústrias transicionais, microlíticas (Magosiano, Lupembo-tshitoliano), sucedidas na África meridional pelas culturas meso e neolíticas de Smithfield e Wilton, o Nachikufano da Rodésia e o Tshitoliano florestal do Congo. Entrementes, na África do norte surge o Oraniano, com influência celta, que eventualmente coloniza o baixo Egito no X milênio a.C., e se alastra vigorosamente ao Capsiano superior. Entre o IX e o V milênios a.C. constatam-se movimentos de povos e influências levantinas na África do norte, a última das quais foi a vinda dos natufianos da Palestina até o delta oriental do Nilo, preparando assim o Neolítico e a protohistória egípcia. No V milênio, o Neolítico se instala no Fayum (baixo Egito) e em Deir Tasa (alto Egito); cerca de 4000 a.C. começa o período calcolítico (utilização docobre) em Badari, no alto Egito, e um pouco mais tarde em Melinde, no baixo Egito.[18]

No alto Egito, os amratianos sucedem aos badarianos, sendo substituídos pelos gerzeanos cerca de 3600 a.C.; esta cultura recebe indiscutível influência mesopotâmica, aparecendo os primeiros hieróglifos no Gerzeano Tardio, cerca de 3400 a.C. O rei do alto Egito prepara a unificação do país, que é realizada por seu sucessor, o lendário Menes, Meni ou Min (que é a forma preferida por Heródoto), identificado com um dos reis chamados Escorpião, Nar-mer e Aha, que teria fundado a I dinastia egípcia, cerca de 3200 a.C.[18]

Fora do Egito, que teve sua Idade do Bronze, os outros povos africanos passaram diretamente à Idade do Ferro;[18][20] e, salvo os da faixa mediterrânea, permaneceram na proto-história, conhecidos somente através de alguns relatos de viajantes árabes medievais, até o século XV e, mesmo, até meados do século XIX. Os bantos ocuparam toda a África subsaariana, tangendo para zonas de refúgio nas florestas do Congo os negritos e para o deserto de Kalahari os boxímanes. No processo, dividiram-se em dois grandes troncos lingüisticos, os bantos e sudaneses, ambos com muitas tribos, fundando reinos e impérios medievais, como o de Monomotapa, no Zimbabwe, e os de Gana, Mali, Songhai, Benin e outros. Suas migrações só cessam bem adiantado o século XIX.[20]

[editar]Primeiros tempos

No século II a.C., Africa Terra era, para os escritores latinos, a Tunísia setentrional, dominada por Cartago, região dos indigenas Afri. Aos poucos o termo estendeu-se ao norte da parte habitada por brancos, até que identificou todo o continente. Os aspectos físicos da África são quase sempre apresentados como obstáculos à penetração estrangeira, em todas as épocas, no continente. Os desertos, a floresta equatorial e as montanhas isolaram tribos que sofreram infuências orientais e ocidentais muito diferentes.[21]

O século XIX marcou o devassamento da África pela civilização da Europa industrializada, acarretando profundas modificações nas populações locais. A África sempre sofreu o impacto das transformações mundiais.[21]

[editar]Antiguidade

As quatro colossais estátuas de Ramsés II na entrada do templo de Abu Simbel, símbolos da civilização do Antigo Egito.

O Egito foi, na Antiguidade, o estandarte da civilização africana.[22] A população, que se estabeleceu ao longo do vale fértil do Nilo, sofreu desde logo a imposição de uma disciplina coletiva, pois o solo arável era restrito.[23] Nos tempos históricos a autocracia faraônica conduziu um país fortememe hierarquizado.[23] A religião fluiu da magia a uma doutrina baseada na justiça.[24] Até a invasão dos hicsos, o Egito permanecera praticamente fechado à infuência estrangeira.[23] Nos meados do segundo milênio a.C., a ameaça asiática levou o Egito ao expansionismo, principalmente após a XVIII dinastia, quando sua história ligou-se profundameme ao Oriente antigo.[25] No fluxo de riquezas desse período surgiu a decomposição sócio-política do Egito.[26]Caminhou, assim, para a anarquia, caindo, por fim, no domínio macedônico.[27] A dinastia lágida não pôde resistir ao impacto da conquista romana.[28]

Mapa do Antigo Egito e nomos.

Cartago, antiga colônia de Tiro, fundada na primeira metade do século IX a.C. foi o grande centro de civilização da África do norte.[29] Controlou o Mediterrâneo ocidental e estabeleceu forte contacto com os berberes, levando a esses povos o bronze, o ferro e artigos diversos.[23] No centro da atual Tunísia, as terras conquistadas aos berberes foram divididas em domínios agrícolas pela aristocracia cartaginesa.[23]

Os romanos, depois do século II a.C., continuaram aí a exploração racional do solo.[23] Os mercenários doexército e da frota de Cartago eram recrutados entre os nativos norte-africanos.[23] O governo cartaginês foi aristocrático, dominado pelos homens de negócios, submetendo as classes menos privilegiadas pelo terrorecorrupção.[23] Ultrapassando o estreito de Gibraltar, os navios cartagineses fizeram comércio com tribos do litoral atlântico da África e Europa.[30] Por terra, através do Saara, o comércio com o Sudão foi intenso.[nota 1]As lutas contra o crescente poderio romano levaram Cartago à completa destruição.[31]

Durante as guerras Púnicas alguns príncipes berberes apoiaram Roma.[23] Um deles, Massinissa, chefe dosnúmidas de leste, afirmava que a África deveria pertencer aos africanos.[nota 2] Roma, aos poucos, conquistou a Berberia: guerra contra Jugurta (112-105 a.c.);[32] domínio da Numídia (25 a.c.),[nota 3] e da Mauritânia (40 d.C.).[nota 4] A política romana foi no sentido da exploração do norte da África e do Egito.[23] Paralelamente, lutava contra os reinos indígenas dos montes Atlas.[23] Mas várias regiões do planaltoargelino e tunisino furtaram-se ao domínio romano.[23] No Egito, Roma manteve a estrutura político-social herdada dos lágidas e do helenismo, mas hierarquizou romanos, gregos e egípcios, deixando os agricultores nativos nas piores condições de trabalho.[23] No século III d.C. o norte da África acompanhou a decadência do império, travando-se lutas que levaram â desagregação provincial.[33]

[editar]Idade Média

As invasões bárbaras no império romano tiveram seu capítulo particular nessa região. Os vândalos de Genserico tomaram o Marrocos em 429 d.C., sendo acolhidos como libertadores.Além de tirarem as terras dos latifundiários, entregaram-se â pirataria no Mediterrâneo ocidental.> A reação berbere aos invasores, fato característico em toda a história da África do norte, processou-se violentamente, e no século VI os vândalos foram expulsos da Tunísia para oeste. Neste mesmo século, as tropas bizantinas de Justiniano liquidaram os vândalos, reconquistando a região, mas deixando livres certos reinos nativos. No Egito, o domínio do Império Romano do Oriente levou a uma espécie de feudalismo vale do Nilo, sendo a terra dominada pelos latifundiários. A perseguicão aos heréticos monofisitas e aos judeus, a tirania dos impostos imperiais. A decadência das atividades econômicas de Alexandria, em proveito de Constantinopla, criaram o clima propício para a invasão árabe.[34]

A expansão do Islão.

A dominação árabe iniciou-se por duas vias diferentes, uma na África do norte e outra na África oriental. Na África do norte a conquista muçulmana começou em 640, no Egito. Apoiando-se nos adversários da dominação bizantina, o chefe árabe Amr ibn al-As pôde ocupar o delta. A partir daí toda a antiga província da África caiu nas mãos dos muçulmanos. Na Ifríquia (TunísiaeArgélia oriental) fundaram Kairuan, em 670, baluane na luta contra os maiores inimigos dos árabes - os berberes do Maghreb, palavra que significa "ilha do ocidente". Apesar dessa resistência, a islamização foi grande e os neoconversos foram usados no ataque e conquista da Espanha (711). Mas os berberes aderiram a um cisma muçulmano, o carijismo, iniciando-se uma série de perseguições e massacres por pane dos árabes. Enquanto durou o dominio árabe sobre o Maghreb (647-1060), jamais houve paz. Continuava marcante o caráter de independência berbere, acentuado pela mentalidade muçulmana de "guerra santa". A administração árabe no norte da África usou como base Fostat, no Egito, e Kairuan, verdadeiros postos de vigilância. Os infiéis conservavam seus bens mas pagavam impostos. Cada província era governada por um cádi, obediente ao califa. Os nativos islamizados formaram uma nova classe, falando árabe, exercendo enorme influência na política local. Em alguns séculos de dominação surgiu uma civilização árabe-africana, de grande importância até hoje. Enquanto durou o califado omíada (660-750), O norte da África esteve unificado. Já na era dosabássidas, sediados em Bagdad, surgiram reinos berberes autônomos como o dos idríssidas (728-922) no Marrocos, fundadores de Fez; o dos rostêmidas (776-908) na Argélia; e o dostulúnidas (868-895) no Egito. Embora esses reinos não pudessem resistir aos ataques da dinastia fatímida, começava a desagregar a unidade política da dominação árabe no norte africano e as lutas entre pastores nômades e agricultores dominaram a história do Maghreb até o fim do século X. Os árabes cujas dinastias lutavam entre si, tentaram retomar aregião. O califa do Cairo lançou contra a Ifríquia as tribos dos hiiálidas, nômades que se caracterizaram pela pilhagem e devastacão. Aos poucos come arama surgir as diferencas regionais que levaram às divisões da África do norte atual. O Marrocos foi o primeiro a se subtrair à infuência da autoridade árabe. Os almorávidas, ligados âs tribos negras islamizadas doSenegal, fundaram Marrakech e conquistaram a Berberia até Argel, em guerra santa que pregava a volta â ortodoxia islâmica e â conversão dos pagãos (século XI). Em seguida, sob a chefia de Ibn Tachfin, atacaram, procurando renovar a unidade árabe em face dos reinos cristãos (séculos XI e XII). Desta forma, o espírito de conquista que desaparecera nosárabesrenascia nos berberes por longo tempo. Quando decaiu o impulso almorávida, surgiram os almôadas, dentro do mesmo espírito de ortodoxia e guerra santa. Em 1147conquistam oMarrocos, depois a Espanha e, por fim, expulsaram os normandos que se haviam instalado na África do norte. A Berberia e a Espanha do século XI estavam sob o domínio dos califasalmôadas. Mas nos três séculos seguintes o Maghreb dividiu-se em reinos rivais.[34]

Porta tradicional do litoral suaíli, estilo Zanzibari, em Zanzibar.

Na África oriental, os árabes muçulmanos exerceram também sua dominação, mas em caráter periférico. Nos séculos VII e XI estabeleceram uma série de postos na costa africana do Índico: Mogadíscio, Melinde,< Mombaça, Pemba, Zanzibar, Moçambique, Quiloa, SofalaeMadagascar. O interesse era puramente comercial e não de conquista e conversão religiosa. Nas cidades, os árabes representaram aaristocracia financeira,miscigenando-se com a população local. Cada cidade viveu independentemente, com ligeira preponderância de umas sobre outras, não formando impérios. Essa influência árabe terminou no começo da Idade Moderna, ao surgir o dominio português. O comércio árabe na África oriental com bantos e boxímanes fez-se com tecidos, metais, marfim, ouro do Zimbabwe e, sobretudo, escravos, que eram vendidos na Ásia, até a China. Fomentando guerras locais pala a obtenção de escravos, concorreram os árabes para o despovoamento. Faziam entrepostos no interior do continente, comunicando-se por caravanas.[34] Seus contatos com as tribos eram comerciais,[34] e nunca procuraram dominá-las. Possivelmente introduziram na África tropical o arroz e a cana-de-açúcar.[35]

Mapa das civilizações africanas antes da colonização europeia.

O Sudão ocidental teve história originalíssima. Aí nasceram impérios negros, muitos deles islamizados, pelo menos superficialmente. Na região do Senegal-Níger esses impérios tornaram-se fornecedores de ouro para o mundo mediterrâneo e aEuropaaté a chegada do ouro americano. As minas de ouro de Bambuc, entre oSenegal e o Falemê, tornaram-se famosas na Idade Média. Os imperadores negros e suas cortes enriqueceram no comércio com o Maghreb, de onde vinham as caravanas, através do Saara. Além do ouro, pesaram decididamente no comércio os escravos,marfim, sal e tecidos. Gana foi o primeiro desses impérios, nascido por volta doséculo IV a.C., nas margens ocidentais do Níger. No século XI alcançava seus limites máximos, indo do Atlântico ao Níger e do Tecrur ao Saara. Estado negro do grupo Saracolê era governado por um soberano despótico, bastante influenciado pelos muçulmanos, que se estabeleceram emGana no fim daquele século. Os almorávidas iniciaram a difusão da fé muçulmana no Sudão, entre as tribos submetidas por Gana. Em poucos anos, elas se revoltaram e o império acabou, formando-se reinos cuja base dominante era muçulmana. Muitos povos, como os bambaras e os mossis da foz do Níger, não aceitaram o Islam, mas no século XI o dominio muçulmano estendia-se do Atlântico ao Darfur. No século XIV, Tombuctu tornou-se o centro de irradiação do Islam para o Sudão. Aí reinou sobre os mandingas do Mali o célebre mansa (rei) ou Kango Mussa (1307-1332), num império que se limitava entre os vales do Falemê e do Bani e do sul argelino até a floresta equatorial.Enquanto a corte era muçulmana, o povo continuava em suas práticas tradicionais. Desenvolveu-se o comércio com o Maghreb. Mussa financiou a arquitetura de inspiração andaluz-magrebiana. Sua viagem a Meca e ao Cairo intensificou as ligações do Sudão com o Oriente. No século XV os berberes e os mossis do Alto Volta dominaram o império. Neste mesmo século surgiu o império songai, com a capital em Gao, dominando grande parte do Sudão ocidental e trechos do Saara. Bem organizado, Gao estabeleceu otráfico regular do Níger,unificou pesos e medidas, e os judeus participaram ativamente no comércio. O Songai comerciou intensamente ouro e escravos com o Maghreb. Gao tornou-se também um centro de difusão muçulmana no Sudão e doutores negros da religião pregaram na África do norte. No século XVI, renegados espanhóis, a serviço do sultão do Marrocos, dominaram a região.[35]

Cabeça de marfim, Império de Benim, século XVI (Metropolitan Museum of Art).

Na Nigéria, entre 1575 e 1648, o reino do Benin teve bastante desenvolvimento cultural e comercial e sua arte marcou um estilo africano nessa área. Entre os séculos XV e XIX o Islam continuou seu dominio sobre o Sudão ocidental e oriental. A Abissínia era uma ilha de cristianismo no continente fetichista e muçulmano. O cristianismo copta do altiplano etiópico teve caráter original. O clero era numeroso. NaIdade Média, judeus e cristãos entraram em luta pela posse do trono, tendo aqueles alcançado o governo por um curto período.[35]

Outros reinos que escaparam à influência do Islam têm história menos conhecida. O reino do Congo, que fora fundado no século XIII, acolheu bem o proselitismo cristão trazido pelos portugueses, que transformaram Mbali numa cidade de pedra, com muitas igrejas, dando-lhe o nome de São Salvador. No século XVIII foi abandonada pelo porto de São Paulo de Luanda. Outra região com que os portugueses comerciaram doséculo XVI ao século XVIII foi Monomotapa, constituida pela confederação das tribos Chona.[35]

Até o século XV o africano conhecera mais fortemente a influência islãmica. Muitas tribos nem chegaram ao contacto com o árabe. A partir daí, a penetração europeia na Africa fez-se lentamente, até que, no século XIX, o expansionismo europeu, decorrente da Revolução Industrial, suprimiu o isolamento africano, ultrapassando tecnicamente as barreiras geográficas, modificando a estrutura sócio-econômica dosaborígines, postos a serviço dos interesses de grupos e potências estrangeiras.[35]

[editar]Idade Moderna

Os ibéricos, principalmente os portugueses, iniciaram a conquista da África que, dos séculos XV a XVIII, foi periférica. Em 1415 os lusos tomavam Ceuta. Logo uma série de pontos no litoral norte-africano caíram em mãos europeias. Nessa ocupação restrita, a expansão da fé cristã representou importante papel. Contra essa intervenção, santos locais ou marabus insuflaram a guerra santa. Independência e luta contra o infiel caracterizaram os movimentos berberes. A reação nativa estava presa também à decadência do tráfico caravaneiro no Saaraem demanda do Maghreb, pois os portugueses e depois holandeses, ingleses e franceses desviaram para o litoral atlântico o comércio de ouro e escravos. No começo do século XVI, osturcos otomanos, que destruíram o império bizantino e irromperam na Berberia,[36][37] ocupam postos estratégicos no litoral,[37] dedicando-se ao corso do comércio cristão noMediterrâneo. Internamente os conflitos turco-árabe-berberes delinearam as atuais Tunísia, Argélia e Marrocos. Os turcos deram ao norte da África uma organização baseada nos chefes locais, prestando tributo a Constantinopla. Aos poucos, o dominio do sultão tornou-se nominal, deixando aos governadores militares a iniciativa na administração e conquista.[37]

Uma carta náutica de Fernão Vaz Dourado, da África ocidental extraída do atlas náutico de 1571, pertencente aoArquivo Nacional da Torre do Tombo, emLisboa.

Para os portugueses, além da obtenção do ouro de que necessitava a burguesia europeia, a África representava um objetivo mais longinquo: a instalação de entrepostos que balizassem o caminho oceânico para as Índias. Assim reconheceu-se Serra Leoa, redescobriram-seMadeirae Açores. Em 1482, Diogo Cão chegava à foz do Congo; em 1488, Bartolomeu Dias dobrava o cabo das Tormentas (Boa Esperança) e em1497, Vasco da Gama, após contornar o mesmo cabo, tocava em Natal, Sofala e Melinde, chegando afinal a Calecut. Abria-se nova era no comércio internacional e o litoral da África representava o papel de fornecedor e escala. O trânsito direto das especiarias paraLisboaprovocou enorme golpe na economia egípcia, declinando o comércio de Alexandria. Os portugueses, pela destruição do comércio árabe e da frota egipcia, dominaram o oceano Índico até o começo do século XVII.[37]

Esquema mostrando como eram transportados escravos em um navio negreiro.

Tornaram-se defensores da Abissínia, realizando o sonho secular da aliança com as terras doPreste João. A catequese levou jesuitas e dominicanos ao contacto com os bantos, que a eles reagiram violentamente. Portugal procurou dominar os portos de escoamento de ouro, marfimepimenta. Fracassou a tentativa da posse do ouro de Bambuc. Abaixo do equador, os lusos instalaram-se em pontos que foram a origem de Angola e Moçambique, visando ao ouro daRodésiae às lendárias minas de prata do sul do Congo. Até à época do domínio espanhol (1580) os portugueses exerceram o monopólio do tráfico negreiro, abastecendo as plantações do Brasil. Daí em diante franceses, holandeses e ingleses entraram no tráfico.[37]

As companhias de comércio da era mercantilista dividiram entre si as zonas de exploração do nefando comércio. No século XVII, osholandeses, mais bem equipados, dominaram o tráfico. Na centúria seguinte, ingleses e franceses lutaram pelo privilégio do "asiento". No litoral atlântico, o tráfico estendia-se numa faixa de 3.500 km de costa entre a Mauritânia e o Congo. Na segunda metade do século XVIII, o tráfico estendeu-se a Angola. O escambo fazia-se com a troca de negros por mudas de cana-de-açúcar, tabaco, aguardente e produtos daÁsia.> Nessa época, pelo menos 100 mil escravos eram exportados por ano. Com o advento da Revolução Industrial, os interesses europeus somaram-se à ação de seitas religiosas e dos filantropos, e a escravidão foi combatida. Mas continuou, sob mil disfarces. O comércio escravo atingiu o interior, despovoando grandes áreas em virtude das razias que as tribos litorâneas, mancomunadas com os negreiros, realizavam.[37]

Império Ashanti (esboço vermelho) durante o século XIX.

Enquanto isto, no Sudão ocidental, formaram-se, no século XVII, alguns reinos, como de Andres, no baixo Daomé, e dos Ashanti, na Costa do Ouro (hoje Gana). Estes lutaram contra os ingleses no século XIX. Os tuculores islamizados fundaram, no século XVIII, um reino teocrático no Futa-Djalon e depois no Futa-Toro. No século seguinte, o conquistador El Hadj Ornar unificou os tuculores num império que ia do Senegal a Tombuctu, fazendo frente à dominação francesa.[37]

No Sudão central, o reino de Bornu a oeste e a sul do lago Tchad viveu submetido ao despotismo de chefes indígenas, desde o século XVI, e no século XIX ainda era forte, comerciando com a África do norte. Dos séculos XVII a XIX, o Uadai, no sudeste do Tchad, foi unificado por um grande império, que entrou em decadência nas lutas contra Bornu. No Sudão oriental, o Darfur, dirigido desde 1596 por uma dinastia árabe, alcançou esplendor nos séculos seguintes. A islamização da África ainda continua, apesar de todos os embates com o mundo ocidental.[37]

No século XIX, a metade da população sudanesa era islamizada. Os wolofs ou volofs, os tuculores, os saracoleses, os songais, além de outros grupos, usavam o árabe e escreviam em árabe, não abandonando os dialetos locais.[37]

Povo Bambara no vale superior do rio Sénégal, 1890. (ilustração do Coronel Frey, da costa ocidental da África, 1890, Fig.49 p.87).

Muitas tribos continuaram isoladas do islamismo, como os bambaras, os sereres, os mossis, as tribos do Sudão meridional e da floresta equatorial, em grande parte.[37]

Desalojados da Guiné pelos holandeses, os portugueses conservaram Angola e Moçambique. Osneerlandeses estabeleceram-se em 1651 no cabo da Boa Esperança, devido às vantagens para o comércio no Oriente.[36]

Só em 1795 os holandeses iniciaram a colonização na África meridional, com dois mil colonos, incluindo também huguenotes franceses, estabelecendo-se no Karraoo.[38]

[editar]Idade Contemporânea

Litografia retratando a construção doCanal de Suez.

No fim do século XVIII a política napoleônica dirigiu-se ao norte da África.[38] Bonaparte, pretendendo transformar o Mediterrâneo em um lago francês,[38] isolando o poderio inglês das rotas do Oriente,[38] lançou-se ao Egito em 1798.[38] Embora terminasse derrotado, tirou o poder aos mamelucos[38] e abriu caminho para o renascimento egípcio.[38] Em 1805, Maomé-Ali fez-se reconhecer paxá pelo sultão turco,[38] que exercia poder nominal sobre o norte da África.[38] Chefe da milícia albanesa, fortaleceu o seu poder a partir de 1811,[38] liquidando os restos do poder mameluco.[38] Organizou umEstado centralizado e com o concurso de estrangeiros preparou enorme exército e grande esquadra e reorganizou a indústria e aagricultura.[38] Seguindo uma política expansionista, Maomé-Ali conquistou Senar e Kordofan, criou Kartum e auxiliou a Turquia na sua tentativa de reprimir a insurreição grega.[38] Em 1840, a Inglaterra obstou suas pretensôes sobre a Síria.[38] Seus sucessores desbarataram os recursos do Egito e os financistas internacionais dominaram o país.[38] A Inglaterra opôs-se à abertura do canal de Suez,[38] mas acabou possuindo a maioria das ações do canal,[38] abrindo novas perspectivas para o comércio com o Oriente.[38] O fim do século XIX marcou nova perda da independência política do Egito,[38] com o enfraquecimento do império otomano e o domínio britânico.[38]

Na África do Sul os ingleses anexaram o Cabo[38] e, juntamente com os bôeres, apropriaram-se das melhores terras dos nativos.[38] A interferência de missionários protestantes levou à extinção da escravidão.[38] A pressão inglesa determinou a emigração em massa dos bôeres para a região dos rios Vaal e Orange (1834-1848),[38] fundando-se dois Estados: OrangeeTransvaal.[38] Os choques com os zulus (grupo banto) multiplicaram-se, tendo os nativos formando uma confederação de tribos, chefiados por Chaka, defendendo-se tenazmente.[38]

Em 1830, os franceses invadiram a Argélia[38] e iniciaram a colonização nos governos de Luís Filipe e Napoleão III.[38] A Berberia islamizada vem resistindo nestes dois séculos à dominação europeia.[38] O grande chefe berbere foi, no século passado, Abd el-Kader,[38] que levantou as tribos em guerra santa.[38]

Em 1847, a colônia que filantropos americanos haviam fundado entre Serra Leoa e Costa do Marfim transformou-se na república negra da Libéria.[38]

[editar]


[editar]

[editar]Regiões

Os contrastes presentes na África manifestam-se em diversos níveis: suas paisagens são diversificadas; os povos que a habitam, pertencentes a várias etnias distintas, expressam-se em múltiplos idiomas ou dialetos e professam diferentes credos religiosos. Além disso, movimentos separatistas têm frequentemente alterado as feições políticas do continente, em que atualmente se contam 54 Estadosautônomos e seis territórios não-independentes.

Por isso, agrupar os países da África em conjuntos homogêneos não constitui tarefa simples. Entretanto, por razões didáticas, vamos dividir o continente em cinco regiões principais:África do Norte, África Ocidental, África Centro-ocidental, África Centro-oriental e África Meridional.

[editar]África do Norte

A porção setentrional do continente é a mais extensa, comportando três subdivisões: os países do Maghreb, os países do Saara e o vale do Nilo.

[editar]Magreb
Vista aérea de Argel, a capital da Argélia.

A palavra maghreb, de origem árabe, significa "onde o Sol se põe", ou seja, o ocidente. Essa sub-região corresponde ao noroeste africano e engloba o Marrocos, a Argélia e a Tunísia.

Na paisagem, os traços físicos mais marcantes são a Cadeia do Atlas, junto ao Mar Mediterrâneo, e o grande Deserto do Saara em que se distinguem dois trechos: um dominado por dunas arenosas, conhecido por Erg, e outro bastante pedregoso, denominado Hamadas.

Magrebe, a parte ocidental do mundo árabe.

O clima da região é do tipo mediterrâneo na vertente norte do Atlas e do tipo desértico ao sul dessa cadeia. A população distribui-se de modo irregular: é densa nas áreas mais úmidas e, naturalmente, escassa nas áreas desérticas, onde predominam os árabes e os berberes, que geralmente professam o islamismo.

Em virtude de condições naturais desfavoráveis, a agropecuária é pouco desenvolvida, embora empregue grande parte da população ativa desses países. Destaca-se a agricultura mediterrânea, em que se cultivam vinhas, oliveiras, cítricos e tâmaras. Pratica-se a pecuária extensiva nas áreassemiáridas e a pecuária nômade no deserto.

Ricos em minérios, de que são grandes exportadores, os países do Maghreb conseguiram implantar vários centros industriais de destaque, como Argel, Túnis, Orã, Casablanca, Rabat, Fez e Marrakesh, que são algumas das maiores e mais belas cidades da África.

A Argélia é rica em petróleo e gás natural, sendo também membro da OPEP. Marrocos e Tunísia são grandes exportadores de fosfatos, matéria-prima para a indústria de fertilizantes.

[editar]Saara
Mapa topográfico do Saara.

O vasto Deserto do Saara se estende por diversos países, mas é o traço físico que nos permite agrupar Mauritânia, Mali, Níger, Chade e Líbia na mesma sub-região. A aridez do solo e a predominância do clima desértico não favorecem as atividades econômicas; os obstáculos para a implantação de indústrias são muitos, e a agricultura só é possível junto aos oásis e em curtos trechos do litoral.

Tais restrições do meio conduzem ao nomadismo grande parte da população, que, formada basicamente por negros e árabes, tem apecuáriacomo principal atividade econômica. Entretanto, o subsolo apresenta significativas reservas de petróleo, gás natural, ferro e urânio.

A Líbia é o país mais importante desse grupo, tanto pela produção petrolífera quanto pela controvertida política externa, que tem chamado a atenção do mundo, em diversas ocasiões.

Inclui-se ainda nessa sub-região o território do Saara Ocidental, que até 1976 pertenceu à Espanha e ainda não conseguiu tornar-se uma nação independente, pois é disputado peloMarrocos, pela Mauritânia e pela Argélia, que pretendem anexá-lo ao seu território. Isso porque, entre outras razões, essa é uma região muito rica em fosfato.

[editar]Vale do Nilo

Apesar de Egito e Sudão também se encontrarem em meio ao Deserto do Saara, a presença do rio Nilo permite que os agrupemos em outra sub-região. Formado pelos rios Nilo Branco e Nilo Azul, o Nilo atravessa todo o território desses países, proporcionando melhores condições de vida para suas populações.

O vale por onde corre apresenta um solo extremamente fértil, no qual se pratica intensamente a agricultura. Em consequência desse fato, Egito e Sudão contam com uma população numericamente superior à dos outros países em que o deserto se faz presente. O Cairo é, aliás, a mais populosa cidade africana e uma das maiores do mundo, com mais de 11 milhões de habitantes.

Há predominância de brancos, principalmente árabes e berberes, mas é grande a presença de negros na parte meridional do Sudão.

Sustentáculo da economia local, a atividade agrícola responde por uma grande produção de algodão, à qual se seguem as colheitas demilho,trigo e arroz. O cultivo não ocorre apenas nas terras próximas às margens do Nilo, pois foram construídas várias barragens que possibilitam airrigação de áreas desérticas relativamente distantes do leito.

Pouco significativa no Sudão, a indústria é no Egito mais desenvolvida e diversificada, notadamente a siderúrgica, a elétrica e a têxtil, bem como as de produto químicos e alimentícios. Também em solo egípcio encontram-se reservas de petróleo e gás natural, além de ferro, fosfato e potássio.

Esse quadro, aliado à posição estratégica, confere ao Egito o título de país mais importante da sub-região, cujas cidades principais são Cairo, Alexandria ambas egípcias e Cartum (no Sudão).

[editar]África Ocidental

Mapa do Golfo da Guiné.

Essa região situa-se entre o Deserto do Saara e o Golfo da Guiné e abrange 17 países independentes, alguns de reduzida área territorial.

Os terrenos são antigos e, por essa razão, bastante erodidos, verificando-se a presença de formações rochosas cristalinas. Devido à sua posição geográfica, a região apresenta clima equatorial, com áreas de savanas ao norte e densas florestas ao sul, onde os índices de pluviosidade são mais elevados.

Em virtude dessas características, a África Ocidental possui densidade demográfica maior que a da região do Saara. Concentra-se na Nigéria 60% de sua população, composta por negros do grupo sudanês.

Todos os países são economicamente subdesenvolvidos, constituindo a agricultura sua atividade predominante. A lavoura de subsistência alterna-se com o cultivo de produtos tropicais destinado à exportação - café, cacau, amendoim, banana eborracha.

A industrialização local, em expansão, depende em grande parte do capital estrangeiro. Os países mais desenvolvidos no setor são: Nigéria, Costa do Marfim e Senegal.

Regiões

Os contrastes presentes na África manifestam-se em diversos níveis: suas paisagens são diversificadas; os povos que a habitam, pertencentes a várias etnias distintas, expressam-se em múltiplos idiomas ou dialetos e professam diferentes credos religiosos. Além disso, movimentos separatistas têm frequentemente alterado as feições políticas do continente, em que atualmente se contam 54 Estados autônomos e seis territórios não-independentes.

[editar]África Centro-ocidental

Essa região agrupa quatro países: República Centro-Africana, Congo, República Democrática do Congo e Angola. Situa-se na porçãoequatorial do continente, limitada pelo Atlântico a oeste e por altas escarpas montanhosas e grandes falhamentos a leste, verificando-se, no restante do território, a alternância de planaltos e planícies cortados por rios caudalosos.

O clima é quente e úmido nos países mais ao norte, verificando-se aí a presença de florestas equatoriais. Mais ao sul da região predominam o clima tropical e a formação vegetal das savanas.

Trata-se de uma região de baixa densidade demográfica, cuja população compõe-se basicamente de negros, pertencentes em sua maioria aogrupo banto. As principais concentrações humanas ocorrem no Zaire e em Angola.

A agricultura assemelha-se à da África Ocidental. A exploração mineral é muito importante para o Zaire e Angola, onde se encontramjazidasde cobre, cobalto, manganês e ferro. O extrativismo vegetal, notadamente de madeira, reforça a economia da região.

Como em quase todo o continente, as indústrias são escassas, mas as descobertas de lençóis petrolíferos na faixa litorânea e o grandepotencial hidrelétrico desses países oferecem-Ihes perspectivas de progresso.

[editar]África Centro-oriental

Imagem de satélite de Adis Abeba, a capitaldaEtiópia, situada a 2.400 metros de altitude.

Compreendida entre a Bacia do Congo e as águas do Mar Vermelho e do Oceano Índico, esta região agrupa dez países: Eritreia,Etiópia,Djibuti, Somália, Quênia, Tanzânia, Uganda, Ruanda, Burundi e Seychelles. Sua paisagem é bastante diversificada, verificando-se, em meio a poucas planícies e planaltos elevados, a presença de maciços montanhosos, grandes falhamentos, muitos vulcões elagos. Predomina o clima tropical, com temperaturas atenuadas pela altitude. A vegetação também oferece um quadro variado: florestas equatoriais, savanas, estepes e formações típicas de áreas desérticas.

Tampouco sua composição étnica revela-se homogênea: na Península da Somália, conhecida como Chifre da África por causa do formato peculiar, a população predominante é de negros do grupo banto, ao passo que em outras áreas encontra-se expressivo número de camitas, árabes, indianos e europeus. O contingente que habita a zona rural é mais numeroso do que o urbano; dentre as cidades, destacam-se Nairóbi, Mogadíscio e Adis-Abeba.

A economia regional baseia-se na agricultura, que, organizada principalmente segundo o sistema de plantation, dedica-se aos produtos de exportação, como o café e o algodão. Os escassos recursos minerais consistem em pequenas jazidas de ouro, platina,cobre,estanho e tungstênio. Também nessa região a industrialização não atingiu um satisfatório grau de desenvolvimento.

A África Centro-oriental é uma das regiões mais pobres e conflituadas do continente e tem vivido crises de seca e fome (Somália e Etiópia) e sangrentos conflitos étnicos, como entre hutus e tutsis em Ruanda e Burundi.

[editar]África Meridional

Centro de Joanesburgo, cidade mais rica da África do Sul.

Esta região, atravessada pelo Trópico de Capricórnio, é composta de doze Estados independentes. Em seu relevo predominam planaltos circundados pelas baixas altitudes da faixa litorânea. Em correspondência com o clima, que varia do tropical úmido ao desértico (na região doCalaari), passando pelo mediterrâneo, encontra-se uma vegetação também diversificada, em que se verifica a presença de savanas,estepese até mesmo florestas (junto à costa do Oceano Índico).

As reservas minerais constituem seu principal sustentáculo econômico. Destaca-se a mineração na África do Sul (ouro, diamantes, cromo e manganês) e na Zâmbia (cobre e cobalto). Como atividade geradoras de renda pode-se citar ainda a agricultura, representada por produtos de clima mediterrâneo (vinhas, oliveiras e frutas) e de clima tropical (cana-de-açúcar, café, fumo e algodão), além da criação extensiva de gado bovino.

Na África do Sul, o país mais industrializado do continente, as indústrias concentram-se nas regiões metropolitanas de Joanesburgo, Cidade do Cabo e Durban. Este país teve a segregação racial oficializada pelo apartheid. Através desse regime, 15,5% da população, formada por brancos, dominava o país até 1994. As desigualdades sociais entre brancos e não-brancos são muito grandes.

A Namíbia - país independente desde 1990 - esteve subordinada à África do Sul por 70 anos. Originalmente colonizada por alemães, passou para o controle sul-africano após a Primeira Guerra Mundial. O primeiro governante eleito da Namíbia independente foi Sam Nujoma, líder do movimento guerrilheiro por 30 anos.

[editar]

[editar]Etnias

Mulher com tradicional vestimenta queniana.

A maior parte da população africana é constituída por diferentes povos negros, teoria que implica manifestações de preconceito racial em outros continentes como América e Europa, por exemplo, mas há expressiva quantidade de brancos, que vivem principalmente na porção setentrionaldocontinente, ao norte do Deserto do Saara - por isso mesmo denoninada África Branca. São principalmente árabes, egípcios e bérberes, entre os quais se incluem os etíopes e os tuaregues; aparecem ainda, embora em menor quantidade, judeus e descendentes de europeus. Estes últimos estão presentes também, na África do Sul e são em sua maioria originários das Ilhas Britânicas e dos Países Baixos.

Ao sul do Saara temos a chamada África Negra, povoada por grande variedade de grupos negróides que se diferenciam entre si principalmente pelo aspecto físico, mas também por diferenças culturais, como as religiões que professam e a grande diversidade de línguas que falam. Os grupos mais importantes são:

Mulher khoisan de Botswana.

Além dos negros e dos brancos, encontramos na África os malgaxes, povo de origem malaia que habitou a ilha de Madagáscar, osindianostrazidos pelos colonizadores ingleses para a África Oriental, além de um pequeno número de imigrantes chineses.

[editar]Religiões

Mapa religioso da África.

Em correspondência com os diferentes ramos étnico-culturais, encontram-se na África três religiões principais: o islamismo, que se manifesta sobretudo na África Branca, mas é também professado por numerosos povos negros; o cristianismo, religião levada por missionários e professada em pontos esparsos do continente; e o animismo, seguido em toda a África Negra. Esta última corrente religiosa, na verdade, abrange grande número de seitas politeístas, que possuem em comum a crença na força e na influência dos elementos da natureza sobre o destino dos homens.

[editar]Línguas

Mapa linguístico da África.

Da mesma forma que as religiões, existem inúmeras línguas no continente: várias línguas de origem africana e os idiomas introduzidos pelos colonizadores, utilizados até hoje. Os principais são:árabe,inglês, francês, português, espanhol e africâner, língua oriunda do neerlandês, falada pelos descendentes de neerlandeses, alemães e franceses da África do Sul e da Namíbia.

[editar]Política

Apesar de se registrarem atualmente na África muitos conflitos de caráter político, como o da Costa do Marfim e o do Sudão, e muitas situações irregulares, como a de Angola, pode-se dizer que a maioria dos países do continente possuem governos democraticamente eleitos. As únicas exceções neste momento são a Somália, que não tem sequer um estado organizado e o Saara Ocidental, ocupado por Marrocos.

No entanto, é frequente que as eleições sejam consideradas como sujas por fraude, tanto internamente, como pela comunidade internacional. Por outro lado, ainda subsistem situações em que o presidente ou o partido governamental se encontram no poder há dezenas de anos, como são os casos da Líbia e do Zimbabwe.

Em geral, os governos Áfricanos são repúblicas presidencialistas, com exceção de três monarquias existentes no continente: Lesoto, Marrocos e Suazilândia. Cabo Verde adotou o regime parlamentarista.

[editar]Subdivisões

Abaixo indicam-se as principais regiões da África e os países que as compõem.

Divisão política da África (em francês).
Subdivisões da África para fins estatísticos usada pela ONU.[40]

██ Norte de África (físico-geograficamente, a Península de Sinai, no Egipto, pertence ao Médio Oriente, região da Ásia).

██ África Ocidental

██ África Central

██ África Oriental

██ África Meridional ou África Austral

[editar]Estados não reconhecidos ou em disputa

[editar]

[editar]Outros territórios

Territórios ultramarinos ou insulares de países (ou territórios dependentes) de outros continentes, que fazem parte integrante desses mesmos países (ou territórios dependentes), não constituindo portanto dependências:

  • Economia

A África é o continente mais pobre do mundo, onde estão quase dois terços dos portadores do vírus HIV do planeta, a continuidade dos conflitos armados, o avanço de epidemias e o agravamento da miséria põem em causa o seu desenvolvimento. Algumas nações alcançaram relativa estabilidade política, como é o caso da África do Sul, que possui sozinha um quinto do PIB de toda a África.

Distinguindo-se pelas elevadas taxas de natalidade e de mortalidade e pela baixa expectativa de vida e abrigando umapopulação jovem, a África caracteriza-se pelosubdesenvolvimento. Aparecendo ao mesmo tempo como causa e consequência desse panorama, os setores econômicos em que os países africanos apresentam algum destaque constituem herança do seu passado colonial: o extrativismo e a agricultura - setores em que são baixos os investimentos e o custo da mão-de-obra - cuja produção é destinada a abastecer o mercado externo.

A incipiente industrialização do continente, por sua vez, está restrita a alguns pontos do território. Iniciou-se tardiamente, após o processo de descolonização, motivo pelo qual as indústrias africanas levam grande desvantagem em relação ao setor industrial altamente desenvolvido de países do Primeiro Mundo, ou mesmo de Terceiro Mundo, mas industrializados, como o Brasil.

[editar]


[editar]Cultura

A cultura da África reflete a sua antiga história e é tão diversificada como foi o seu ambiente natural ao longo dos milénios. A África é o território terrestre habitado há mais tempo, e supõe-se que foi neste continente que a espécie humana surgiu; os mais antigos fósseis de hominídeos encontrados na África (Tanzânia e Quênia) têm cerca de cinco milhões de anos. O Egito foi provavelmente o primeiro Estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo neste continente, ao longo dos séculos (por exemplo, Axum, o Grande Zimbabwe). Para além disso, a África foi, desde a antiguidade, procurada por povos doutros continentes, que buscavam as suasriquezas.

O continente africano cobre uma área de cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados, um quinto da área terrestre da Terra, e possui mais de 50 países. Suas características geográficas são diversas e variam de tropical úmido ou floresta tropical, com chuvas de 250 a 380 centímetros a desertos. O monte Kilimanjaro (5895 metros de altitude) permanece coberto de neve durante todo o ano enquanto o Saara é o maior e mais quente deserto da Terra. A África possui uma vegetação diversa, variando de savana, arbustos de deserto e uma variedade de vegetação crescente nas montanhas bem como nas florestas tropicais e tropófilas.

Como a natureza, os atuais 800 milhões de habitantes da África evoluíram um ambiente cultural cheio de contrastes e que possui várias dimensões. As pessoas através do continente possuem diferenças marcantes sob qualquer comparação: falam um vasto número de diferentes línguas, praticam diferentes religiões, vivem em uma variedade de tipos de habitações e se envolvem em um amplo leque de atividades econômicas.

[editar]Tribos e grupos étnicos

A África é o lar de inumeráveis tribos, grupos étnicos e sociais, algumas representam populações muito grandes consistindo de milhões de pessoas, outras são grupos menores de poucos milhares. Alguns países possuem mais de 20 diferentes grupos étnicos. Todas estas tribos e grupos possuem culturas que são diferentes, mas representam o mosaico da diversidade cultural africana.

Estas tribos e grupos étnico/social incluem os Afar, Éwés, Amhara, Árabes, Ashantis, Bacongos, Bambaras, Bembas, Berberes, Bobo, Bubis, Bosquímanos, Chewas, Dogons,Fangs,Fons, Fulas, Hútus, Ibos, Iorubás, Kykuyus, Masais, Mandingos, Pigmeus, Samburus, Senufos, Tuaregues, Tútsis, Wolof e Zulus.

[editar]Problemas atuais

[editar]Fome

Crianças somalis esperando pela ajudaamericana da Operação Good Relief em1992.

Várias regiões de África são assoladas com frequência por crises de falta de alimentos, principalmente nas zonas rurais. Destacam-se as zonas subáridas do Sahel, desde a Mauritânia até ao Corno de África, e as que se encontram à volta do Deserto do Kalahari. Nestas áreas sucedem-se anos de seca, por vezes alternando com inundações que também destroem culturas, para além de obrigarem as populações a deslocar-se das suas zonas habituais.

Para além do fator climático, que alguns cientistas afirmam estar a agravar-se com o aquecimento global, existem ainda causas culturais, que se podem associar à colonização do continente pelas potências europeias no final do século XIX. Por um lado, a urbanização associada ao abandono das zonas rurais, onde não se promoveu o desenvolvimento económico e social, diminuiu a capacidade de produção agrícola, que era fundamentalmente de subsistência; por outro lado, os governos coloniais introduziram no campo a obrigatoriedade das culturas de produtos para exportação, que contribuíram, não só para a diminuição das áreas e da capacidade de cultivo de produtos alimentares, mas também para o empobrecimento dos solos.

Durante os últimos 30 anos do século XX, a seguir à descolonização da África, poucos governos souberam reverter a economia extrativista, que era sua a principal fonte de rendimento, além de incentivada pelos países ocidentais e pelo bloco socialista durante a guerra fria, que necessitavam desses produtos para o seu desenvolvimento. A fraca capacidade de investimento em infraestrutura, apenas parcialmente sanada nos primeiros anos do século XXI pela mudança de políticas das instituições financeiras internacionais, eternizou a falta de condições em termos de saúde e educação, mantendo assim as populações sem capacidade para produzir o suficiente para alimentar todo o país.

Por outro lado, com a agricultura extensiva, matas são derrubadas e em seus limites o deserto avança. A necessidade de produzir para exportação impede que se pratique o sistema de descanso da terra, que se esgota rapidamente e nem mesmo o uso de fertilizantes consegue recuperar. A pecuária intensiva e o nomadismo, tradicionalmente praticadas nocontinente, também causam danos às paisagens africanas, pois os rebanhos acabam com as já reduzidas pastagens, sendo atingidos pela fome, da mesma forma que a população.

Finalmente, os conflitos armados que assolam o continente são outro fator de empobrecimento, resultando em milhões de deslocados e refugiados sem capacidade produtiva; nas regiões em guerra, são as agências internacionais e as organizações não-governamentais que tentam assegurar as condições mínimas de saúde e alimentação, ao invés de se fazer um verdadeiro esforço para sanar as causas dos conflitos que, muitas vezes, estão associados à injustiça na propriedade dos recursos naturais e na distribuição da riqueza proveniente da sua exploração.

[editar]Colonização europeia e guerras

Mapa de África Colonial em 1913.

██ Bélgica

██ França

██ Alemanha

██ Grã-Bretanha

██ Itália

██ Portugal

██ Espanha

██ Estados independentes (Libéria e Etiópia)

A atual divisão política da África somente se configurou nas décadas de 60 e 70. Durante séculos, o continente foi explorado pelas potências europeias - Reino Unido, França, Portugal, Espanha, Bélgica, Itália e Alemanha -, que o dividiram em zonas de influência adequadas aos seus interesses. Ao conseguirem a independência, os países africanos tiveram de se moldar às fronteiras definidas pelos colonizadores. Estas, por um lado, separavam de modo artificial grupos humanos pertencentes às mesmas tribos, falantes dos mesmos dialetos e praticantes dos mesmos costumes e submetia-os, por outro lado, à influência de valores europeus.

Em muitos desses novos países, após a independência, houve inevitáveis revoltas separatistas e golpes de Estado que terminaram por instaurar ditaduras. Seguindo diretrizes capitalistas ou socialistas, os governos assim constituídos distinguiam-se sempre pela perseguição política, que chegava a culminar em torturas e massacres dos opositores.

Em grande parte dos casos, a independência política não foi total, pois geralmente os novos países mantiveram laços econômicos com as ex-metrópoles e, durante a Guerra Fria, alguns ligaram-se às grandes potências (Estados Unidos e extinta União Soviética) em busca de assistência militar e econômica.

De tudo isso resulta a existência de muitos focos de conflito no continente. Em alguns casos trata-se de lutas de caráter político: grupos que pretendem conquistar o poder se confrontam com os que detêm o domínio da região. Em outros, o motivo principal é o separatismo, originado pela artificialidade das fronteiras coloniais herdadas.

[editar]Problemas históricos

[editar]Racismo

Placa na praia em Durban. "Pelas leis do artigo 37, essa área é reservada para o uso exclusivo da raça branca." (1989).

Em nenhuma outra parte do mundo a questão racial assumiu questões tão graves como na África do Sul. Embora os negros, mestiços eindianos constituam 86% da população, eram os brancos que detinham todo o poder político, e somente eles gozavam de direitos civis.

A origem desse sistema, denominado apartheid, data de 1911, quando os africânderes (descendentes de agricultores holandeses que emigraram para a África do Sul) e os britânicos estabeleceram uma série de leis para consolidar seu domínio sobre os negros. Em 1948, a política de segregação racial foi oficializada, criando direitos e zonas residenciais para brancos, negros, asiáticos e mestiços.

Na década de 1950, foi fundado o Congresso Nacional Africano (CNA), entidade negra contrária à segregação racial na África do Sul. Em1960, o CNA foi declarado ilegal e seu líder Nelson Mandela, condenado à prisão perpétua. De 1958 a 1976, a política do apartheid se fortaleceu com a criação dos bantustões, apesar dos protestos da maioria negra.

Diante de tal situação, cresceram o descontentamento e a revolta na maioria subjugada pelos brancos; os choques tornaram-se frequentes e violentos; e as manifestações de protesto eram decorrência natural desse quadro injusto. A comunidade internacional usou algumas formas de pressão contra o governo sul-africano, especialmente no âmbito diplomático e econômico, no sentido de fazê-lo abolir a instituição doapartheid.

[editar]